Num quadro de lenta retomada econômica e elevado desemprego, o Brasil colheu mais uma notícia negativa no ano passado: a concentração de renda voltou a piorar. Os dados foram divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quarta-feira (16) e têm como base a Pesquisa Mensal por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua.
Os números do IBGE mostram que o rendimento médio do grupo de 1% mais ricos do país cresceu 8,4% em 2018, enquanto o dos 5% mais pobres caiu 3,2%.
No ano passado, o índice de Gini, que mede a concentração de renda, subiu para 0,509, depois de ficar estável nos dois anos anteriores, quando foi de 0,501. O número é o maior da série histórica, iniciada em 2012, e leva em conta o rendimento médio dos brasileiros para todos os trabalhos.
O índice de Gini varia de zero a 1. Quanto mais próximo de zero, mais perfeita é a distribuição de renda de um país. Quanto mais perto de 1, mais desigual é uma economia. Ao longo dos últimos anos, o melhor resultado para o índice de Gini foi observado em 2015, quando marcou 0,494.
“Essas variações no índice de Gini têm muito a ver com as flutuações na renda dos mais ricos”, afirmou a analista do IBGE, Adriana Beringuy.
No recorte regional, apenas o Nordeste não registrou uma piora da desigualdade no ano passado. O índice de Gini nordestino marcou 0,520, abaixo do 0,531 apurado em 2017. Segundo o IBGE, no entanto, a desigualdade de rendimento no Nordeste só recuou porque os brasileiros com maior rendimento da região tiveram perdas.
Apesar da melhora, a região nordestina seguiu ostentando os piores números de concentração de renda do país. Depois do Nordeste, apareceram Norte (0,517), Sudeste (0,508), Centro-Oeste (0,486) e Sul (0,448).
Mulheres, pretos, nordestinos e pessoas sem instrução são os brasileiros com renda mais baixa.
A pesquisa divulgada pelo IBGE é mais uma a captar o aumento da concentração de renda no país diante da deterioração do quadro econômico dos últimos anos. Em agosto, a Fundação Getúlio Vargas divulgou um estudo que apontou que a desigualdade cresce há 17 trimestre seguidos.