O CEARÁ REGISTRA OITO MORTES E 153 CASOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES INFECTADOS COM NOVO CORONAVÍRUS
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Publicado em 21/04/2020

Oito crianças com até quatro anos morreram em decorrência da Covid-19 no Ceará, conforme dados registrados até segunda-feira (20) no Portal IntegraSUS. O Estado contabiliza ainda 153 pacientes infectados pelo novo coronavírus na faixa etária entre zero e 19 anos.

A Indisponibilidades de testes, entretanto, pode provocar uma subnotificação, conforme o infectologista pediátrico Robério Leite.

No Ceará, foram notificados 83 casos confirmados da doença em crianças com até quatro anos de idade, 20 pacientes da faixa etária de cinco a nove anos e 15 pessoas com a infecção entre 10 e 14 anos. Já os pacientes com maior idade no grupo, entre 15 e 19 anos, somam 35 casos.

O Ceará chegou ao número de 206 mortes por Covid-19 nesta segunda-feira (20), conforme a última atualização da plataforma IntegraSUS, feita às 17h. O novo coronavírus (Sars-Cov-2) chegou em 100 cidades cearenses, que já têm 3.487 diagnósticos positivos para a infecção.

Irmãos em quarentena

“No início, eu achei que fosse só mesmo a mudança de temperatura e que ela estava gripadinha, mas três dias depois meu filho também apresentou tosse, dor de garganta e dor de cabeça”, relembra a administradora Margarida Melo, de 39 anos, mãe de Ana Lívia, 9 anos, e Carlos Eduardo, 12 anos, infectados em viagem aos Estados Undos. Os irmãos foram medicados com antitérmicos e seguiram as recomendações do pediatra para uso de máscaras e álcool em gel durante a estadia e viagem de volta para Sobral.

No Brasil, os dois foram testados em coleta domiciliar e permaneceram em isolamento social no aguardo do resultado. “Eles ficaram de quarentena, assim como eu e meu marido - apesar dele nem ter viajado, mas por ter contato com a gente. Aí, 12 dias depois que foi colhido o exame, chegou o atestado positivo para eles dois. A gente (pai e mãe) fez o teste rápido e foi negativo”, lembra.

A mãe trabalha em um hospital da cidade e já conhecia os procedimentos para evitar a propagação da doença como do isolamento, higienização dos ambientes e individualização de objetos como pratos e talheres. “É muito complicado para criança. Precisa da mãe ou de uma pessoa que cuide. O adulto faz tudo sozinho, limpar o quarto, lavar o banheiro. Eles ficaram trancados dentro de casa, só que o contato que eles tinham com a gente era de máscaras e todo o tempo lavando as mãos”, acrescenta.

Receio dos vizinhos

O receio demonstrado pela vizinhança foi um dos aspectos que dificultou o processo de tratamento das crianças, como observa Margarida. “Foi muito difícil pra gente depois que tudo passou, agora eles já estão com mais de quarenta dias, mas o preconceito mesmo das pessoas, o falatório nas redes sociais, culpando, dizendo que os pais são irresponsáveis”, relata.

Mensagens falsas divulgaram que as crianças estivem na escola e internados em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI), mesmo com o cumprimento do afastamento e dos cuidados exclusivamente feitos em ambiente domiciliar.

Com receio desse tipo de recepção, uma mãe entrevistada pelo G1 pediu para não ser identificada. Ela conta que a filha foi infectada aos nove meses após uma visita de turista vinda de Portugal. “A gente já estava usando máscaras e as pessoas olhavam com medo, porque ainda não estavam adotando esses cuidados na época”, relata. O pai da criança foi o primeiro a ter febre alta, tosse e dor no corpo e mãe teve sintomas leves como perda de olfato e paladar.

A filha do casal, que nasceu em parto prematuro, precisou passar quatro dias hospitalizada, dois em UTI, para tratar os problemas respiratórios decorrentes da Covid-19. "A minha bebê começou a agravar, a tosse foi ficando mais carregada, apresentou quadro de diarreia e a gente procurou uma unidade hospitalar quando ela começou a ter problema respiratório”, lembra. Os primeiros casos confirmados de Covid-19, no dia 15 de março, foram divulgados no mesmo período que a família foi testada e recebeu resultado positivo.

A bebê apresentou falta de apetite e indisposição, mas está recuperada e em isolamento social, onde também aguarda o resultado para a infecção por H1N1.

O infectologista Robério Leite pondera que o comportamento da sociedade deve ser de medidas preventivas e não de preconceito, além de enfatizar que o período é de maior infecção pela doença. "Se não foi agora com a gente, pode ser mais adiante e deve ser certamente. O que é importante é que a velocidade dessa propagação se dê numa taxa tal que o sistema de saúde possa comportar a demanda aumentada que isso está gerando”, conclui.

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