No Pará, 97% dos leitos de UTI da rede pública estão ocupados. E já não há mais vagas em Belém.
Dona Eliane, de 67 anos, estava com falta de ar. Ela procurou uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da prefeitura, na periferia de Belém. Mas, segundo a filha, não conseguiu ser atendida.
“Vocês estão vendo que ela está passando mal, mas não tem ninguém para atender. Dizem que está superlotado, a gente só vê sair, não vê entrar”, lamentou.
Em outras duas UPAs, pacientes também reclamavam da falta de atendimento.
O prefeito de Belém, Zenaldo Coutinho, reconheceu a falta de estrutura em várias unidades.
“Nós estamos tendo uma deficiência de profissionais médicos. Alguns médicos se afastaram porque estão com sintomas de Covid, outros trocaram seus plantões. Estamos insistindo no chamamento de médicos, estamos com excesso de demanda”, explicou.
Não há mais vagas nos 125 leitos de UTI da rede pública municipal de Belém; 80% destes leitos estão ocupados por pacientes com suspeita de coronavírus ou casos já confirmados. A prefeitura começou a transferir pacientes para a rede estadual, que está quase no limite da capacidade. Segundo a secretaria de saúde do Pará, 97% dos leitos de UTI da rede pública estadual estão ocupados.
O governo do Pará decidiu mudar a estratégia de atendimento no hospital de campanha em Belém. Todos os 420 leitos destinados a pacientes com sintomas leves e moderados do coronavírus estão sendo substituídos por leitos de UTI. Por enquanto, apenas 24 leitos foram instalados no hospital de campanha. O governo aguarda a chegada de equipamentos da China para montar as outras 400 UTIs até o fim de abril.
O Pará registrou 35 mortes e mais de 900 casos confirmados da Covid-19.
“O hospital de campanha inicialmente foi concebido para ser um hospital de média e baixa complexidade, mas, diante da superlotação das UPAs e de um eventual colapso do sistema municipal de saúde de atendimento de urgência, nós estamos fazendo ajustes lá no hospital de campanha para que ele possa atender pacientes graves também”, afirmou o secretário estadual de Saúde do Pará, Alberto Beltrame.
Em São Luís, estão ocupados 75 dos 80 leitos de UTI exclusivos para pacientes com o novo coronavírus. Mais de 90%.