Logo depois de acordar, no feriado de 21 de abril, Rogério da Silva Filho, de 44 anos, sentiu-se mal e caiu no banheiro de seu apartamento, na Zona Sul de São Paulo.
Ana Cristina Silva, sua mulher, conseguiu carregá-lo para a cama, mas em poucos minutos Rogério morreu. Levou oito horas até que o corpo fosse retirado e transportado para o cemitério da Praia Grande, litoral de São Paulo.
O único problema que ele tinha era a pressão alta, mas estava controlada. De repente ele se foi, é difícil de acreditar, conta Ana Cristina, que passou quatro horas ao lado do corpo do marido até a chegada do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu).
Como em todos os casos assim, o corpo de Rogério foi preparado por médicos e enfermeiros do Samu: foi despido, desinfetado com uma solução de água com hipoclorito de sódio e colocado em um saco plástico. Ficou assim por mais quatro horas no quarto, até que o serviço funerário o levasse direto para o cemitério, onde foi enterrado ao lado dos pais, depois de uma cerimônia simples.
Rogério havia recebido o resultado positivo para a Covid-19 poucos dias antes de morrer. Parecia estar se recuperando bem. Por duas vezes ele havia ido ao Hospital Cruz Azul, na região central da capital, onde trabalhava como analista de sistemas. Nas duas vezes foi instruído a voltar para casa e acompanhar os sintomas.
O caso revela um novo drama causado pela pandemia. São Paulo, cidade mais afetada pela doença no país, tem registrado um número crescente de pessoas que morrem em casa vítimas do novo coronavírus.