LAUDO DETALHA CAUSA DA MORE DE JOVEM ATINGIDO POR CARRO DE MODELO
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Publicado em 07/08/2022

O laudo da morte do adolescente João Gabriel Cardim Guimarães, de 16 anos, atropelado pelo modelo Bruno Krupp no sábado (30), detalha uma série de graves ferimentos no corpo da vítima e "Traumatismo da pelve e membros inferiores, com consequente hemorragia" como causa da morte do menino.

O documento, obtido com exclusividade, destaca a amputação da perna esquerda, que no momento do impacto com a moto parou a 50 metros de distância, e também esmagamento da estrutura óssea da bacia, fratura do anel pélvico, laceração muscular, lesão na bexiga, escoriações na genitália, hematoma em bolsa escrotal, corpo exangue (sem sangue), entre outros ferimentos.

João Gabriel estava atravessando a rua com a mãe em direção ao calçadão, quando foi atropelado pela moto em alta velocidade pilotada por Bruno Krupp, que dirigia sem carteira de habilitação.

Ao decretar a prisão do modelo, que foi transferido na noite deste sábado para o presídio de Benfica, a juíza Maria Izabel Pena Pieranti mencionou o fato de Krupp ter sido parado três dias em uma blitz.

 

"Não foi o bastante que tivesse sido parado pelos agentes da Lei Seca. Ser pego na situação já descrita não teve qualquer efeito didático. Ao contrário, adotou conduta mais ainda letal, acabando por tirar a vida de um jovem que estava acompanhado de sua mãe, ressaltando-se que Bruno não é um novato nas sendas do crime", afirmou Pieranti na decisão.

Deboche de blitz

Bruno Krupp debochou da blitz da Lei Seca na qual foi parado três dias antes de atropelar e matar o adolescente João Gabriel. Nos stories do Instagram a que o g1 teve acesso, Bruno primeiro postou uma foto, com a legenda “Hoje me fodi”, e depois fez um vídeo.

Em tom irônico, Bruno comentou: “Na moral, mano. Eu amo Lei Seca. Eu amo. Amo. Já é?! Vamos ver qual vai ser o desenrolado da melhor forma, demorou?! Tamu junto... Os dois lados da pista. Vem, amor, vem brincar, vem brincar. Vambora!”

Nessa blitz, Bruno se recusou a soprar o bafômetro e recebeu multas por pilotar a moto sem placa nem habilitação.

Transferência para presídio

A ida de Krupp para o presídio se deu após contradições encontradas nos laudos do Hospital Marcos Moraes, onde ele estava internado, e que o liberava para cumprir prisão preventiva em uma unidade prisional, e o laudo do médico Bruno Nogueira Teixeira, contratado pela família do modelo e que solicitava seus cuidados em uma UTI.

Com a divergência, o delegado Aloysio Berardo Falcão de Paula Lopes, adjunto da 16ª DP (Barra da Tijuca), abriu um novo inquérito para investigar Bruno Nogueira Teixeira por falsidade ideológica e fraude processual. Ele deve ser ouvido no início da próxima semana.

Novo vídeo do acidente

Um novo vídeo gravado por câmeras de segurança mostra a moto pilotada pelo modelo Bruno Krupp atingindo o adolescente João Gabriel Cardim Guimarães na orla da Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio, no sábado (30). O jovem de 16 anos morreu.

Pela imagem é possível João acompanhado da mãe, Mariana Cardim de Lima, atravessando a Avenida Lúcio Costa fora da faixa de pedestre, a poucos passos do calçadão. Com o impacto, a perna do jovem foi amputada na hora e arremessada a 50 metros à frente do acidente, no gramado entre o calçadão e a areia da praia.

João Gabriel chegou a passar por uma cirurgia no Hospital Municipal Lourenço Jorge, mas não resistiu. Ele era filho e neto único, e morava em Realengo.

Bruno pilotava em alta velocidade numa via cujo limite é de 60 km/h e estava sem habilitação, mesmo após ter sido pego em uma blitz três dias antes do atropelamento. Uma testemunha afirmou que ele estava a mais de 150 km/h.

Outras testemunhas disseram que o influenciador digital de 25 anos tem o costume de pilotar em alta velocidade.

“Ele é conhecido, todo fim de semana passa aqui. Aquelas motos barulhentas, passa aqui voado, às vezes passa aqui, e quando a gente olha ele já está bem longe”, relatou um quiosqueiro que viu o acidente do sábado.

Na quinta-feira (4), uma nova perícia foi feita na moto do modelo. O objetivo dos investigadores é descobrir qual era a velocidade da moto no momento do atropelamento.

O modelo responde por homicídio com dolo eventual, quando se assume o risco de matar.

Ao contrário do que afirmou nesta quarta-feira (3) o advogado de Bruno Krupp, o modelo e influenciador não tem habilitação para pilotar motos.

“Ele só não tinha habilitação ainda porque o Detran, salvo engano, já tinha aferido a carteira dele. Ele só não tinha pego a carteira ainda”, disse William Pena, que representa Bruno, na porta do hospital.

A TV Globo apurou que o modelo nem sequer fez a prova prática do Detran para motos. Bruno apenas foi aprovado no exame teórico e ainda precisava cumprir a carga horária mínima de aulas de pilotagem nas ruas.

 

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