O homem que foi preso em flagrante após ser visto arrastando uma criança de 12 anos pela faixa de areia de Praia Grande, no litoral de São Paulo, foi transferido para a ala psiquiátrica de um hospital, conforme determinado pelo Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP), e recebe tratamento. A irmã dele contou, nesta quarta-feira (22), que ele já apresentou melhora no quadro clínico, mas, por ainda estar sob escolta policial, não pode ter contato com familiares.
Depois que o técnico em enfermagem foi preso, no último dia 10, a irmã Karolina Cunha, de 23 anos, disse à reportagem que ele teria tido um "surto psicótico" e confundido a vítima com o próprio filho. A jovem ressaltou que o homem foi diagnosticado com esquizofrenia.
"Ele ainda está com discurso desconexo, mas, com o tratamento, está começando a falar sobre quem ele é. [Falou] que trabalha como técnico em enfermagem e alguns nomes de familiares", contou a irmã nesta quarta-feira.
Karolina contou que a família entrou com um pedido de autorização para visitá-lo no hospital, mas a reivindicação feita pelo advogado da família, segundo ela, ainda não foi aceita pela Justiça. A jovem informou saber do irmão pela equipe médica: "A gente está tendo contato direto com o médico dele."
O caso
O homem de 35 anos foi preso em flagrante no último dia 10 de fevereiro, no bairro Maracanã, em Praia Grande. De acordo com a Polícia Militar (PM), a equipe foi acionada para conter um homem que teria puxado uma criança pela orla e, chegando ao local, os agentes encontraram o homem no chão e imobilizado por populares.
A Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo (SSP-SP) informou que o caso foi registrado como flagrante por sequestro e cárcere privado, e que o suspeito foi preso.
Pedido de transferência
A 2ª Vara Criminal de Praia Grande determinou, no último dia 15, que o réu fosse encaminhado para outra unidade.
“Sendo fortes os indícios de que o acusado seja portador de doença mental, determino a sua internação provisória [...] para que providencie a transferência do custodiado para estabelecimento ou ala adequados à patologia”, decidiu o juiz Antonio Carlos Costa Pessoa Martins.
Questionada sobre a transferência, a Secretaria de Administração Penitenciária do Estado de São Paulo (SAP) afirmou, em nota, que recebeu a determinação judicial no dia 16 de fevereiro e que o cumprimento da transferência está sendo providenciado. “No momento, o preso em questão está internado na ala psiquiátrica de hospital na Baixada Santista”, acrescentou.
Defesa
Em nota, o advogado Charles Cabral, que defende o suspeito, disse que ele exerce a atividade de técnico em enfermagem e já foi diagnosticado como portador de esquizofrenia, sensível a surtos psiquiátricos.
Segundo o advogado, desde o ano passado, ele vem sendo internado compulsoriamente em estabelecimentos hospitalares adequados que acompanham a evolução do seu tratamento.
Atualmente, ele vem sendo medicado e acompanhado pelo setor de psiquiatria do Hospital do Servidor Público Estadual, afirma a defesa.
Cabral disse ainda que, no dia dos fatos, o homem estava acometido por um surto psiquiátrico, provavelmente ocasionado pela falta da medicação que necessita tomar diariamente.
O advogado citou ainda que o homem conseguiu ir para a rua sem um acompanhante da família e, por conta do estado de surto, provavelmente confundiu a criança com seu filho, já que tem um menino da mesma idade.
Ainda segundo o advogado, todas as acusações que lhe foram imputadas são totalmente descabidas e serão demonstradas no decorrer do processo. Cabral informou que protocolou o pedido de liberdade provisória.