Ex-jogador da Seleção Brasileira, do Barcelona-ESP e de outros clubes, Daniel Alves passou nesta quarta-feira (7) pelo último dia de julgamento que apura um possível estupro do jogador contra uma mulher em dezembro de 2022. A apreciação, em Barcelona, foi conduzida pela juíza espanhola Isabel Delgado Pérez e contou com o posicionamento de diferentes trâmites periciais. O Tribunal agora tem até 20 dias para divulgar um veredito sobre o caso.
Médicos forenses, legistas, integrantes da polícia científica e biológica e especialistas em impressões digitais se posicionaram a favor da vítima. Além deles, psiquiatras e psicólogos que tiveram contato com a denunciante também foram convocados chamados para a sessão e deram suas versões sobre o caso.
Nos outros dois dias de julgamento, segunda e terça-feira, 20 testemunhas foram convocadas para tentar esclarecer o que aconteceu na madrugada de 31 de dezembro de 2022. Uma delas é Joana Sanz, modelo e, na época, esposa de Daniel Alves. Amigos que acompanhavam Daniel na balada, seguranças e a mãe da vítima foram alguns dos ouvidos.
Veja versão de Daniel Alves dada nesta quarta-feira (7)
Ao longo do depoimento concedido nesta quarta-feira, o último ato antes das considerações finais, Daniel Alves deu a própria versão dos fatos. O ex-lateral da Seleção Brasileira alegou que saiu com alguns amigos para comer por volta de 14h30.
Seguindo a linha de defesa já esperada nos últimos dias, o acusado citou algumas vezes o consumo de bebidas alcoólicas. O ex-lateral da Seleção Brasileira alega que o início do contato entre os dois foi com uma dança, supostamente respeitosa.
Daniel Alves se defendeu dizendo não teria forçado a mulher a praticar sexo. O jogador alega que ficou sabendo das acusações posteriormente.
Palavra da denunciante
Após o depoimento de Daniel Alves, a promotoria recordou o depoimenrto da denunciante, que afirmou ter sido forçada a fazer sexo oral. A mulher alega que foi puxada pelo cabelo e penetrada sem consentimento. Médicos forenses afirmaram que o esperma coletado da vítima possuía o DNA do brasileiro.
Outros momentos do julgamento desta quarta-feira (7)
As partes assistiram vídeos reproduzidos nesta quarta-feira antes da resolução final. A imprensa não teve acesso ao conteúdo, mas foi possível ouvir áudio do choro de uma mulher em um deles.
Antes disso, psiquiatras e psicólogos forenses foram ouvidos. Um médico forense afirmou que o fato de a vítima não ter apresentado lesão vaginal não quer dizer que não houve crime.
De acordo com ele, apenas 22% das mulheres que são vítimas de sexo não consensual apresentam tais lesões. Outro médico, que estava no hospital no dia do crime, disse que a garota apresentava sinais de medo.
Possível pena
Para o Ministério Público da Espanha, os atos constituem o crime de “agressão sexual com penetração” e o brasileiro deve ser condenado a nove anos prisão, além do pagamento de uma indenização de 150 mil euros (R$ 800 mil na cotação atual) para a mulher e mais 10 anos de liberdade condicional após o cumprimento da condenação.
Desde o início do processo, o MP atribuiu credibilidade ao relato da acusadora, que prestou depoimento na segunda-feira com uma série de medidas para proteger seu anonimato e separada por um biombo para evitar um “confronto visual” com o réu.
Ambos não se encontravam desde a noite em que, após terem se conhecido na área VIP da boate, o jogador a convidou a seguir para outra área reservada com um pequeno lavabo que ela não conhecia.
No cubículo, de acordo com a acusação do MP, Daniel Alves agrediu a mulher e a forçou a ter relações sexuais, apesar das tentativas da jovem de impedir a violência. Segundo ela, o momento foi uma “situação de angústia e terror”.
As duas acompanhantes da jovem naquela noite, uma amiga e uma prima, confirmaram no tribunal o estado de choque da jovem depois de sair do lavabo, assim como as sequelas que ela carrega após os acontecimentos.
Uma amiga da jovem afirmou que Daniel Alves mostrou desde o início uma “atitude babaca” e lembrou como a vítima pediu, “chorando desconsolada”, para irem embora após sair do banheiro, dizendo que o jogador havia feito “muito mal” a ela.