MANDETTA: AS PESSOAS TÃO FAZENDO O USO DISSIMULADO DE CLOROQUINA
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Publicado em 16/07/2020

O ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta voltou a condenar o uso de medicamentos sem comprovação científica para combater a covid-19, como a cloroquina e ivermectina. Em entrevista exclusiva à Itatiaia, concedida à jornalista Edilene Lopes, Mandetta disse que muitas pessoas fazendo uso de uma maneira dissimulada dos medicamentos. 

É muito típico em tempos de epidemias, quando a sociedade se depara com os seus receios, apareçam remédios milagrosos. Na história de todas as epidemias sempre existiram aqueles que falam: eu tenho a solução”, disse.

Sobre a defesa do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) ao uso de cloroquina, o ministro lembrou que a maioria da população não tem a estrutura de saúde disponível para o presidente. Além disso, lembrou que 90% da população vai vencer a covid-19 sem gravidade. 

“Se tomar cloroquina vai sair, se tomar novalgina vai sair bem, se botar uma fita do Senhor do Bonfim, se fizer promessa para Santa Rita... 90% vão sair muito bem. Espero que ele (Bolsonaro) esteja entre os 90% que saem muito bem. O importante é atravessar a doença e refletir, porque muitas pessoas não têm a mesma coisa que ele tem: não tem médico 24 horas na sua porta, não têm eletrocardiograma duas vezes ao dia para saber a cloroquina está fazendo arritmia ou não, não têm um CTI reservado 24 horas por dia com uma equipe aguardando, não têm uma ambulância parda do lado de fora”, disse Mandetta, referindo-se ao aparato disponível para o presidente. 

Para o ex-ministro, o surgimento de remédios milagrosos vai continuar, porque o Brasil não está acostumado a aguardar o tempo da ciência.

“O presidente da República quer o tempo político. Então ele quer dizer que exista esse remédio. As pessoas ficam assustadas, sem têm alguma gripe tomam esses remédios, os médicos estão acuados. Acho que está faltando a Anvisa e o Ministério da Saúde, que são os responsáveis, assumirem as suas responsabilidade de colocarem suas notas técnicas e colocarem  a equipe técnica para esclarecer para a população todas consequências da automedicação e evitar que isso ocorra até que você tenha elementos para prescrever. Não tenho problema com medicamento nenhum. Só que para um governo orientar a sua população a tomar um remédio ele tem que ter muita responsabilidade científica, coisa que a gente não tem”.

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